PR 3N “Trilho Castrejo”

03-01-2011 13:51

Há milénios que a ocupação humana se faz em estreita harmonia com o meio; o que moderadamente se designa por “desenvolvimento sustentado” há muito que é a forma de ser e de estar das populações castrejas na sua relação com a Montanha e a Natureza.

Os vestígios da ocupação humana remontam à seis milénios atrás. A testemunhá-lo, os imensos túmulos megalíticos – mamoas e antas – espalhados pela região.

O Castelo de Castro Laboreiro e a igreja com arquitectura românica, aquele de origem romana e esta do inicio do segundo milénio, são testemunhas que nos chegam da idade média.

A riqueza da etnografia e cultura popular é imensa, reflectindo-se nas tradições, festas e romarias, nas lendas, no património de utilização comunitária como os fornos de cozer pão, nas eiras, nos sistemas de regadio tradicional – rega em “lima” que faz o aproveitamento total da água no regadio de pastagens de encosta – na entre ajuda para amanhar a terra, para apascentar os rebanhos com um sistema rotativo chamado “vezeiras”, em que um dos donos dos vários animais que compõem o rebanho, só ou com um pastor, guarda o rebanho “à vez”… Semeia-se o centeio e a batata pois que os ares são frios, os ventos às vezes fortes… e isto influência a gastronomia local, rica de sabores, onde os enchidos tradicionais têm muito a dizer…

A Flora

A flora local é riquíssima. Os bosques de carvalho alvarinho (Quercus robur) abrigam um sub-bosque, onde, normalmente predominam espécies como o azevinho (Ilex aquifolium), o loureiro (Laurus nobilis) e às vezes o medronheiro (Arbustos unedo).

O vidoeiro (Bétula pubescens) também forma bosques de rara beleza, aparecendo só ou associado aos carvalhais. Estes poderão ser de carvalho negral (Quercus pyrenaica) nas zonas de menor altitude e abrigados. O teixo (Taxu bacata), espécie raríssima, também aqui vive.

Junto aos ribeiros existem espécies ripiculas de grande valor como o freixo (Fraxixus agustifolium) o salgueiro (salix spp) o amieiro Almus glutinosa), o choupo (Populus spp)…

Nas zonas mais rochosas, mais secas, o coberto vegetal é composto por espécies arbustivas como a urze vermelha (Erica australis), a carqueja Chamaespartium), o tojo (Genista triacanthos), o rosmaninho (Lavandula pedunculata) o zimbro (Juniperus communis), e com muita frequência, atingindo grande porte, a giesta (Cytsus scopari).

A Fauna

É composta, essencialmente, pelos seguintes vertebrados: javali (Sus scrofa), lobo (canis lúpus), raposa (Vulpes vulpes), texugo (Meles meles), gineta (Geneta geneta), Lontra (Lutra lutra)…

A avifauna mais notável é a de bosque, onde predominam os pequenos passariformes como o pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), o chapim azul (Parus caeruleus), o chapim real (Parus major) a toutinegra-de-cabeça-preta (Sylvia melanocephala) o melro (Tordus merula), picapau-malhado-grande (Dendrocopus major), gaio (Garrulus glandarius), etc. nos ribeiros observamos o melro d’água (Cinclus cinclus), muito raro.

Nas zonas rochosas vimos corvídeos – gralha preta (Corvus corone corone) e corvos (Corvus corax) e ouvimos o bufo real (Bubo bubo), corujas e um outro mocho. Os animais domésticos são representados pelo cão-de-castro-laboreiro, raça autóctone já referenciada no séc XIII. É um cão robusto, de pêlo lobeiro-escuro, vocacionado especialmente para lidar com os rebanhos. É meigo para p dono, feroz para o lobo e para estranhos.

Brandas e Inverneiras

O PR “Trilho Castrejo” decorre pelos antigos caminhos que ligavam as Brandas às Inverneiras e no caso de estes estarem cobertos por alcatrão, decorre por caminhos alternativos. São caminhos que remontam à idade média dos quais restam algumas pedras de calçado, pontes de arco antigas.

São caminhos muito simpáticos que ás vezes atravessam frondosos bosques de carvalho alvarinho (Quercus robur) matos rasteiros, floridos, ribeiros e regatos de água cristalina que regam as pastagens cercadas por muros de pedra solta.

O que é a Inverneira?

É uma ladeia onde passam o Inverno; fica situada a mais baixa altitude que a Branda, em vales abrigados…

Normalmente descem

O que é a Branda?

É a aldeia de altitude, onde fazem as sementeiras, onde passam a maior parte do ano. Dizem que as águas são melhores, são zonas frescas no Verão, as pastagens são mais verdes…

Semeia-se centeio e batata. Os bovinos de raça Barrosã causam a nossa admiração. Os rebanhos são de cabras guardadas por cães de castro Laboreiro, raça autóctone identificada e estudada pela elevada figura do Padre Aníbal Rodrigues, pároco de Castro. Algumas Brandas por onde passa o nosso PR:-Seara, Padrosouro, Eiras.

Na mudança os castrejos levam todos os seus animais “até o gat”, antigamente até a mobília. Agora já não é assim, visto que as duas casas estão minimamente equipadadas.